segunda-feira, 22 de junho de 2009

Após o sinal, deixe o seu recado...


Eis que chega dia em que você precisa parar de sonhar para colocar o pé na estrada.
E o primeiro passo é sempre o mais difícil. Pois, agora, ele está dado.
Adiei por muito tempo este projeto e aqui está ele: um blog para contar as histórias de um pai que está longe de seus filhos.
Esse enredo começou no início do ano, quando eles foram morar 800 quilômetros ao sul de Florianópolis, numa cidade chamada Rio Grande.
CAtarina, SAra e DAvi são meus três filhos. É das iniciais dos nomes que batizei o blog. E por que comunicação? É porque não sei fazer outra coisa.
Já fazem seis meses que essa história começou. Já viajei 10 vezes para encontrá-los. Fim de semana sim, fim de semana não. Vale a pena. Se pudesse, dormiria todas as noites com eles. Isso eu faço, mas com uma boa distância física entre a gente.
No último sábado, 20/6, fiz uma visita que me fez chorar. Fui à festa junina na Sarapiquá, escola onde eles estudavam. A turma do Infantil dançava fantasiada de cavalinho e eu só não via a Catarina. Olha que eu procurava, mas os belos olhos dela não surgiram. Depois foi a turma do Davi fazer o casamento na roça e nada do "gauchinho" aparecer. Momento difícil também foi ver o espetáculo do boi de mamão sem a Sara.
Vi tudo e fiquei forte, curtindo em silêncio dolorido as apresentações. Senti o apoio fraterno de amigos. Senti o carinho de uma família que recebe de braços abertos o filho que está de volta. Foi emocionante perceber nos olhos de pais e professores a preocupação carinhosa e solidária com a dor de um pai que está de luto. Não é fácil, mas essa dor só faz crescer.
De repente, um pai se aproxima e conta como sofreu, quando filha foi embora com a mãe para Chapecó e ele ficou sozinho, órfão, numa ilha. As dores se repartem.
Irevan, minha amiga que não via desde 79 e que estava comigo naquela tarde, percebeu o carinho de todos. Na sua primeira experiência com a Sarapiquá, ela gostou dos gestos de amor e carinho que viu.
Tentei no dia seguinte ouvir a voz de meus filhos. Liguei várias vezes, mas o lado de lá respondia sempre a mesma coisa: "Após o sinal, deixe seu nome e a cidade de onde está falando..."